terça-feira, 14 de junho de 2011

30.A um comedor exagerado de Gregório de Matos

Levou um livreiro a dente 

De alfaces todo um canteiro, 

E comeu, sendo livreiro, 

Desencadernadamente. 

Porém eu digo que mente 

A quem disso o quer tachar: 

Antes é para notar 

Que trabalhou como mouro, 

Pois meter folhas no couro 

Também é encadernar. 

(A um músico esbordoado) 

Uma grave entonação 

Vos cantaram, Brás Luís, 

Segundo se conta e diz, 

Por solfa de fabordão. 

Pelo compasso da mão, 

Onde a valia se apura, 

Parecia solfa escura: 

Porque a mão nunca parava, 

Nem no ar, nem no chão dava, 

Sempre em cima da figura.

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